sábado, 22 de março de 2014

Sabedoria interior

                                   

“Aos quinze anos orientei o meu coração para aprender. Aos trinta, plantei meus pés no chão. Aos quarenta, não mais sofria de perplexidades. Aos cinqüenta, sabia quais eram os preceitos do céu, Aos sessenta, eu os ouvia com ouvido dócil.Aos setenta, eu podia seguir as indicações do meu próprio coração, pois o que eu desejava não mais excedia as fronteiras da justiça.”
                                            
                                                                                      Confúcio ( Os Analectos, II, 4)
                          
 SABEDORIA INTERIOR

                            O   aprendizado da sabedoria focaliza a mente que já se descristalizou da negatividade, para adentrar-se no caminho da busca pessoal. A maturidade da personalidade não se constrói em dias, meses. Anos e anos. Idades e mais idades, todas elas caracterizadas por diferentes descobertas e formas diferenciadas do saber.
                           O primeiro passo a tomar é o da convicção interna, aprimorando as lições do coração. Intuir o próprio saber e submetê-lo ao nível da razão, sem contudo abandonar a experiência profunda de cada um. Ninguém ama o desconhecido. Razão e sensibilidade amorosa, caminham juntos numa parceria de abnegada conveniência- que significa- a extensão do que sei, revela com igual intensidade a dimensão do que sou.                          
                          Viver é uma arte, quem sabe, a mais importante e difícil de ser conquistada.
                           O trabalho pessoal e intransferível, através das idades cronologicamente sabidas, bem como as idas e vindas na roda das reencarnações, é o de desidentificar-se com o mundo.
                           Lembremos do gigante do Evangelho Paulo de Tarso, em sua Epístola aos Romanos (12:2) “ e não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente.”
                           Eis o grande propósito desafiador: enquanto estou no mundo, não sou do mundo. Importa tratar de vencer-se a si mesmo, através do uso de tudo aquilo que nos pertence por Lei Divina, sem abusos e sem apegos.
                           Torna-se necessário uma constante vigilância de pensamentos e atos, entregando-se à vontade de Deus.
 Assim, o que eu quero, Deus garante.        
                             Um dos exercícios para viver e conviver com sabedoria é mover-se do sentimento de piedade, docilidade e justiça. Torna-se, necessário, ainda, sacrificar falsas necessidades, frivolidades, sem lamentações, evitando os melindres.  Não precisamos de isolamentos pois é através do atrito nas relações interpessoais que se efetiva o progresso humano. Quem não se envolve não se desenvolve.
                           Imprescindível ainda, o distanciamento, que acontece quando deslocamos o foco das nossas apreensões, ouvindo “as vozes dos Céus”, estabelecendo a necessária imunidade aos ventos contrários e as energias de baixo teor vibratório. Desta forma,  romper  as amarras do desespero e confiando sempre, manter uma atitude de serenidade   e naturalidade diante dos fatos.
                           Somente o amor, aliado ao conhecimento, concretiza a sabedoria real: saber, saber ser e saber fazer. Esta pequena metáfora pode constituir uma grande alavanca de emancipação espiritual.
                           Sabemos não ser fácil, tamanho empreendimento espiritual, pois, vivendo numa era tecnológica, habitualmente consumista, numa sociedade invadida pela crise de valores, defrontamos com muitos obstáculos, motivo suficiente para estudos e pesquisas que viabilizem mais qualidade de vida entre os homens.
                           Podemos afirmar que o maior dentre todos os obstáculos, ainda é o conflito existencial que trata da dualidade
Espírito x Matéria, tornando-se imprescindível conceder, aos mesmos, espaços adequados, porém, diferenciados, na dinâmica energética que os caracteriza.
                           O mundo que nos cerca e de igual modo nos recebe em sua morada temporária, foi sabiamente criado para nos servir.
Se soubermos superar as nossas necessidades inconclusas, podemos, é claro, passar por aqui, contabilizando esforços pessoais nos tornando os vencedores do mundo. Urge, portanto, abrir o coração e a mente, nesta busca infinda, de auto realização e paz. De bem com a vida e vivendo n o mundo   sem atavismos e preconceitos doentios.
                           Inclinar o “coração para  aprender ” é  aprender ao nível de profundidade, no âmago de nós mesmos, a nossa verdade maior:
EU SOU.
EU SEI.
                            EU SEI FAZER POR AMOR.

A título de ilustração:

         Era uma vez, um homem “desalinhado” e infeliz, que vivia constantemente um quebra-cabeça.
         Hora, somente pensava: era o Sabe Tudo do lugar. Em momentos difíceis, o coitado perdia a razão e tornava-se um corpo ambulante. Fazia por fazer. Em outros instantes, sua emoção falava mais forte e o Sabe Tudo, coitado, perdia-se no desconcerto das emoções inúteis.
         Até que, um dia, chorando às pampas, deu de cara com o esquecido amigo que há muito tempo não via: o Sr. BOM SENSO.
         -Oh! Que bom encontrá-lo, meu amigo. E desabafou, ando desconectado. Não consigo enxergar o “plug” que por certo me transmitiria mais luminosidade.
-Que fazer?
         Se atiro com a razão, não consigo acertar na mosca. Se ajo impensadamente tudo vai por água abaixo. Se reajo, utilizando a minha emotividade, dizem: -este é um trem descarrilhado  e  saem todos de perto.
O Sr. BOM SENSO, após ouvi-lo atenciosamente, sugeriu-lhe:  
-Por que você não puxa os seus próprios cordões?
Quem sabe, você pode seguir de vento em popa.”
Dito e feito. “Desalinhado” passou a controlar e guiar o barco das suas realizações e desde então, entrou no mar da vida de cabeça. Porém, lembrou-se de levar consigo, a bóia da segurança pessoal, o motor do próprio esforço e a bússola norteadora de um coração alegre e agradecido. Considerava-se um homem completo, inteiro.
Dizem, por aí, à bocas pequenas, que este ser é vivente, porém raramente encontrado nas águas do rio da vida.


                        Olvanir Marques de Oliveira

Creditos:
Enviado em 27/09/2010
Lyrics: http://easylyrics.org/?artist=Loreena McKennitt

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