domingo, 24 de maio de 2020

Cuidados do homem inquieto: O dia de amanhã



    
    Cuidados do homem inquieto: O dia de amanhã

Antes de iniciar a sua vida pública, Jesus fez quarenta dias de silêncio e meditação no deserto. O Sermão da Montanha foi a primeira mensagem dirigida ao povo, nas colinas de Kurum Hattin, ao sudoeste do lago de Genesaré.
Como documento máximo da cristandade, foi notavelmente referenciado por Mahatma Gandi:  “ Se se perdessem todos os livros sacros da humanidade e só salvasse o Sermão da Montanha, nada estaria perdido.”
Tendo por base a harmonia espiritual, convida o homem a conectar-se com o amor de Deus e o amor ao próximo.
 Este tratado de psicologia transpessoal, requer um trabalho de reengenharia comportamental, partindo do pressuposto que ao abdicarmos dos equívocos passados podemos criar espaços mentais à nossa renovação pessoal. Torna-se   pois, necessário suportar com entendimento e abnegação todo o sofrimento que   daí   dimane.
Atuando através de comandos psíquicos, o Mestre nos adverte: “Não andeis cuidadosos de vossa vida, pelo que haveis de comer, nem do vosso corpo, pelo   que haveis de vestir. Não é mais a alma que a comida, e o corpo mais que o vestido? Considerai como crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem fiam; entretanto, nem Salomão em toda sua glória se cobriu como um d’eles.” 9 Mt. 6:25-32).
Constatamos que a inquietação com o futuro e toda espécie de preocupação, paralisa os nossos sentidos superiores, gerando um certo constrangimento doentio, quando sofremos por antecipação. Sequer temos ciência da veracidade dos fatos e decerto os nossos pressentimentos nunca chegarão a acontecer.
Eis a grande luta da transcendência na sobrevivência: “Não vos inquieteis pelo dia de amanhã. Porque o dia de amanhã a si mesmo trará   seu cuidado. Basta a cada dia a sua própria aflição”.  ( Mt .6: 34).
Ao tentarmos examinar a preocupação como uma das muitas emoções inúteis, sugerimos o repensar de algumas crenças equivocadas como o medo e a dúvida.
Consideremos a assertiva de um dos grandes terapeutas norte americano, a seguir:  “Se você acredita que se sentindo culpado ou se preocupando muito vai conseguir mudar um acontecimento passado ou futuro, então está vivendo em um outro planeta, com um sistema diferente de realidade.”  (Dr. Wayne Dhyer)
É comum, na nossa cultura ocidental sermos mais apegados ao que não temos do que aquilo que possuímos concretamente. A ilusão do ser, gera um comprometimento da razão e uma falsa ciência do saber. Por sua vez, a mania de perfeição, cria em torno de nós uma aura de subestimação e autocrítica destrutiva. Assim, repetimos não só as lições do ontem, bem como alimentamos a dúvida do que pode vir a ser, desperdiçando energia psíquica.
Se por um lado, o sentimento de culpa nos mantém ligados ao passado, por sua vez, o estado de preocupação nos ancora no futuro. Desta forma nos impossibilitando de viver o momento presente. Com a mente cristalizada no passado ou voltada para o futuro nos tornamos vulneráveis e propensos cada vez mais, ao medo do fracasso."Não é a experiência de hoje que enlouquece os homens. É o remorso por alguma coisa que aconteceu ontem, e o temor do que o amanhã pode revelar”. (2)
Outro aspecto muito importante a ser considerado será o discernimento entre o eterno e o passageiro, o que conduzirá, por certo, nossa mente a um estado de confiança que nos propicia mais calma, objetividade, assertividade e consequentemente, auto realização.  Assim é que nos reabilitamos perante a Lei, fortalecidos pela autoestima, ressignificando  nossa realidade. Tornar-se presente, é o comando essencial da vida no momento em que nos apropriamos das ferramentas pessoais e recursos interiores para a administrar com clareza, o nosso momento existencial. Logo, a partir deste discernimento espiritual, surge naturalmente a renúncia e o desapego.
A alegria e o sentimento implícito no auto amor torna-se fonte purificadora da mente que busca redescobrir-se numa nova edição. Podemos considerar, esta, como sendo uma versão amadurecida do que é ser feliz. As religiões tradicionais do Oriente afirmam ser a alegria o primeiro sinal de que estamos sendo religioso. Nesse sentido, a “religião”, é o caminho da criatura para o seu criador. Não cogito de dogmas ou sistemas pessoais, mas da relevância e das prioridades dos bens espirituais sobre os bens materiais.
Desapegar-se é a palavra de ordem, senão vejamos: “ Buscai primeiro o Reino de Deus e o mais virá por acréscimo”. (Jesus)
Enfim, para melhor erradicar da nossa mente, a preocupação, ou seja, ocupar-se antes da hora ou do tempo, é sempre útil fazermos uma lista das coisas ou fatos que mais nos paralisam.
A seguir, perguntemo-nos:
- O que estes pensamentos querem fazer conosco?
Ouçamos cada uma das respostas em particular e se forem boas, saudáveis, acolhamos. Ao contrário, se apresentarem-se perniciosas ou prejudiciais ao nosso equilíbrio físio -psíquico, rejeitemo-las.
Simples, assim.
Vai aqui um amoroso lembrete, nem pensar que tudo ocorrerá num passe de mágica. Torna- se necessário, escolha, disponibilidade e força de vontade, insistindo pois:
O que tem que ser, será.
Se nos permitirmos.

Referências:
1.. DAYER, Whyne. In “ Seus Pontos Fracos”.
            Ed. Record
2. BURDETTE, Jones Robert. In Golden Dai (‘)
3. GASPARETO, Antonio. In Liberdade e Poder. Ed. Vida e Consciência.
4. O NOVO TESTAMENTO. Jesus. O Sermão da Montanha. Mt., 6:25-3  
              Mt. 6:34.






   



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