“Aos quinze anos orientei o meu coração para
aprender. Aos trinta, plantei meus pés no chão. Aos quarenta, não mais sofria
de perplexidades. Aos cinqüenta, sabia quais eram os preceitos do céu, Aos
sessenta, eu os ouvia com ouvido dócil.Aos setenta, eu podia seguir as
indicações do meu próprio coração, pois o que eu desejava não mais excedia as fronteiras
da justiça.”
Confúcio ( Os Analectos, II, 4)
SABEDORIA INTERIOR
O aprendizado da sabedoria focaliza a mente que já se
descristalizou da negatividade, para adentrar-se no caminho da busca pessoal. A
maturidade da personalidade não se constrói em dias, meses. Anos e anos. Idades
e mais idades, todas elas caracterizadas por diferentes descobertas e formas diferenciadas
do saber.
O
primeiro passo a tomar é o da convicção interna, aprimorando as lições do
coração. Intuir o próprio saber e submetê-lo ao nível da razão, sem contudo
abandonar a experiência profunda de cada um. Ninguém ama o desconhecido. Razão
e sensibilidade amorosa, caminham juntos numa parceria de abnegada
conveniência- que significa- a extensão do que sei, revela com igual
intensidade a dimensão do que sou.
Viver é uma arte, quem sabe, a mais importante e difícil de ser conquistada.
O
trabalho pessoal e intransferível, através das idades cronologicamente sabidas,
bem como as idas e vindas na roda das reencarnações, é o de desidentificar-se
com o mundo.
Lembremos
do gigante do Evangelho Paulo de Tarso, em sua Epístola aos Romanos (12:2) “ e
não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa
mente.”
Eis
o grande propósito desafiador: enquanto estou no mundo, não sou do mundo.
Importa tratar de vencer-se a si mesmo, através do uso de tudo aquilo que nos pertence
por Lei Divina, sem abusos e sem apegos.
Torna-se
necessário uma constante vigilância de pensamentos e atos, entregando-se à
vontade de Deus.
Assim, o
que eu quero, Deus garante.
Um dos exercícios para viver e conviver com sabedoria é mover-se do sentimento
de piedade, docilidade e justiça. Torna-se, necessário, ainda, sacrificar
falsas necessidades, frivolidades, sem lamentações, evitando os melindres. Não precisamos de isolamentos pois é
através do atrito nas relações interpessoais que se efetiva o progresso humano.
Quem não se envolve não se desenvolve.
Imprescindível
ainda, o distanciamento, que acontece quando deslocamos o foco das nossas
apreensões, ouvindo “as vozes dos Céus”, estabelecendo a necessária imunidade
aos ventos contrários e as energias de baixo teor vibratório. Desta forma, romper as amarras do desespero e confiando sempre, manter uma
atitude de serenidade e naturalidade
diante dos fatos.
Somente
o amor, aliado ao conhecimento, concretiza a sabedoria real: saber, saber ser e
saber fazer. Esta pequena metáfora pode constituir uma grande alavanca de
emancipação espiritual.
Sabemos
não ser fácil, tamanho empreendimento espiritual, pois, vivendo numa era
tecnológica, habitualmente consumista, numa sociedade invadida pela crise de
valores, defrontamos com muitos obstáculos, motivo suficiente para estudos e
pesquisas que viabilizem mais qualidade de vida entre os homens.
Podemos
afirmar que o maior dentre todos os obstáculos, ainda é o conflito existencial
que trata da dualidade
Espírito x Matéria, tornando-se
imprescindível conceder, aos mesmos, espaços adequados, porém, diferenciados,
na dinâmica energética que os caracteriza.
O
mundo que nos cerca e de igual modo nos recebe em sua morada temporária, foi
sabiamente criado para nos servir.
Se soubermos superar as
nossas necessidades inconclusas, podemos, é claro, passar por aqui,
contabilizando esforços pessoais nos tornando os vencedores do mundo. Urge,
portanto, abrir o coração e a mente, nesta busca infinda, de auto realização e
paz. De bem com a vida e vivendo n o mundo sem atavismos e
preconceitos doentios.
Inclinar
o “coração para aprender ” é aprender ao nível de profundidade, no
âmago de nós mesmos, a nossa verdade maior:
EU SOU.
EU SEI.
EU SEI FAZER POR AMOR.
A título de ilustração:
Era uma vez, um homem “desalinhado” e infeliz, que
vivia constantemente um quebra-cabeça.
Hora, somente pensava: era o Sabe Tudo do lugar. Em
momentos difíceis, o coitado perdia a razão e tornava-se um corpo ambulante.
Fazia por fazer. Em outros instantes, sua emoção falava mais forte e o Sabe Tudo,
coitado, perdia-se no desconcerto das emoções inúteis.
Até que, um dia,
chorando às pampas, deu de cara com o esquecido amigo que há muito tempo não
via: o Sr. BOM SENSO.
-Oh! Que bom
encontrá-lo, meu amigo. E desabafou, ando desconectado. Não consigo enxergar o
“plug” que por certo me transmitiria mais luminosidade.
-Que
fazer?
Se atiro com a
razão, não consigo acertar na mosca. Se ajo impensadamente tudo vai por água
abaixo. Se reajo, utilizando a minha emotividade, dizem: -este é um trem
descarrilhado e saem todos de perto.
O
Sr. BOM SENSO, após ouvi-lo atenciosamente, sugeriu-lhe:
-Por
que você não puxa os seus próprios cordões?
Quem
sabe, você pode seguir de vento em popa.”
Dito
e feito. “Desalinhado” passou a controlar e guiar o barco das suas realizações
e desde então, entrou no mar da vida de cabeça. Porém, lembrou-se de levar
consigo, a bóia da segurança pessoal, o motor do próprio esforço e a bússola
norteadora de um coração alegre e agradecido. Considerava-se um homem completo,
inteiro.
Dizem,
por aí, à bocas pequenas, que este ser é vivente, porém raramente encontrado
nas águas do rio da vida.
Olvanir Marques de Oliveira
Creditos:
Enviado em 27/09/2010
Lyrics: http://easylyrics.org/?artist=Loreena McKennitt
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