sábado, 29 de junho de 2013

O jovem e a apatia dos tempos modernos




                        Os anos sessenta marcaram época com o movimento febril da tão decantada “juventude transviada”. Ídolos de necessidades passageiras coloriram o universo fantasioso dos adolescentes, os quais se abeiravam às portas  largas de permissivas atitudes, em notório descontentamento interior  vibrando protestos que se notabilizavam através das vestimentas , do vocabulário”inovador”, das artes , da música  e  da dança.
                        Assim projetavam  mísseis  de  irrefreada   rebeldia.
                       Lutavam por idéias e ideais de liberdade, muitos, dentre eles, bem intencionados, inteligentes, criativos. Assemelhavam-se a crianças traquinas em desforço comum na luta contra os fantasmas invisíveis que povoavam suas mentes preguiçosas e inoperantes.
                        De certo constituíram uma frente poderosa e igualmente perniciosa. Ao invés da contestação saudável, criou-se espaços à anarquia social, gerando um contexto reparador- o conflito de gerações.
                        O fumo, a droga, substâncias tóxicas incineraram valores  transcendentes abrindo as comportas do mundo do crime, da prostituição e do sexo livre. Concomitante, habituaram-se à  ingestão  de drogas  psicoativas  tais como o LSD, a maconha, o crack, a cocaína e tantas outras mais.
            Como cegos, debatia-se a nossa juventude em overdose criminosa num verdadeiro tiroteio, sob a mira especulativa dos então denominados,”traficantes”.
                        Nunca a família foi tão contestada e ao mesmo tempo fragilizada .
A partir daí estivemos a braços com os deslizes  morais, o absenteísmo  familiar  e  a indiferença e a falta  de vontade  política dos órgãos governamentais que continuam, desavergonhadamente, insistindo em propostas paliativas e desafiadoras.
O Brasil, por sua vez, através de dados estatísticos atuais, vem sendo cotado como “recorde” mundial em homicídios.
Produto da vivência sem limites, nossa juventude ainda transviada, pede socorro.
                    O crime organizado,  defluente  de uma certa apatia dos tempos modernos invade a sociedade como epidemia que se alastra à revelia das ações de controle e repressão também organizada.
Reféns de uma pobreza sem igual, num país rico de possibilidades, nobre e belo, contaminam-se os nossos jovens, dessa terrível doença do século que grassa assustadoramente, paralisando a máquina do progresso moral à serviço de interesses menos dignos.
                        Não existe bússola. Falta teto. Falta comida. Falta trabalho.Falta segurança. Falta educação. Falta saúde. Falta amor.
                       Assim depauperados, nossos jovens pedem disciplina e orientação seguras.
                        Porém, nem tudo se perdeu. Resta-nos a vontade política de um povo, quase dominado , que ora se levanta, constituindo um dos maiores movimentos até então registrados por fontes nacionais e igualmente, internacionais.
                        A mídia não perdoa e os abusos crescem à proporção que as intenções melhores são ainda ignoradas.
                        Continuamos acreditando no poder da maioria intelecto-moral que resiste aos danos causados pela pobre minoria, cúmplice e desvinculada dos ideais que norteiam a nossa Pátria Mãe.
                       E o grito de alerta continua. Nas praças e nas ruas.
                       Queremos um Brasil novo. Uma República renovada sem desculpismos ou acanhadas promessas de esperança.
                       Somente e a partir de uma educação de base aliada ao trabalho, o fortalecimento dos laços familiares com a devida solidez da autoridade das figuras parentais, adultos significativos, poderão implementar  o conhecimento  e  o devido respeito às leis divinas e humanas. Acreditamos ainda que a despeito de tantos desvarios, poderemos, juntos, mobilizar esforços no sentido de minimizar tais danos, implantando com urgência a semente do amor paralelamente a um novo modelo educacional, politicamente organizado pela solidariedade  e  participação efetiva do nosso povo que se levanta e se agiganta, com o firme propósito de “incluir” esta geração que sobrevive à margem, no submundo da ignorância.
                        Educar a criança e o jovem deve constituir uma proposta assegurada  por  todos aqueles que já despertaram, sem omissão de serviço.
                        E eu me pergunto:
                        -Até quando haveremos de suportar a licenciosidade entrando nos nossos lares?
                        -Até quando seremos saqueados em nossa igualdade de direitos e liberdade de ir e vir como verdadeiros cidadãos do futuro?
                       Responde-me uma sensatez intuitiva e cientificamente comprovada:
-o amor é o ponto de partida! A iniciativa proativa e eficaz por parte de todos que tocados em seus brios pessoais, não se deixarão corromper.

                        Augurando um final feliz, sugerimos, sobretudo a você, meu jovem, uma ligeira reflexão em torno do assunto que nos diz respeito.
                       
Contam que certo jovem sedento de afirmação espiritual procurou certa vez o pensador e sacerdote hebreu Shammai e o interrogou:
                        -Poderias ensinar-me toda Bíblia durante o tempo em que eu possa quedar-me de pé, num só pé?
                        -Impossível! Respondeu-lhe o filósofo religioso.
                        -Então de nada me serve a tua doutrina, redargüiu o moço.
                        Logo após buscou  Hilel ,o famoso doutor, propôs-lhe a mesma indagação. O Mestre, acostumado à sistemática da lógica e da argumentação, mas, também, conhecedor das angústias humanas, respondeu:
                        __ Toma posição.
                        __ Pronto! -_ retrucou o moço.
                        __ Ama! _ elucidou Hilel.
                        __ Só isso?! E o resto da Bíblia?_ inquiriu apressadamente.
                        __ Basta o amor.Concluiu o austero religioso_ Todo restante da Bíblia é somente para explicar isso.”
                                                                        ( autor desconhecido)

                        É refletindo nessa experiência anterior que eu o convido a fazer uma ligeira viagem ao seu mundo íntimo.
                        Neste exato momento não estou bem certa se você tem consciência do imediatismo da sua conduta. É natural. Quem sabe, os adultos que lhe acolheram como modelos, equivocaram-se deixando-o desapontado e você busca, “in loco”, respostas prontas e receitas infalíveis – o que nos parece compreensível, pois você nem mesmo iniciou o seu projeto de vida.
                        “Amar se aprende, amando”. Alimentado pela esperança, torna-se uma necessidade ontológica que deve ancorar-se na prática do seu dia a dia.  Indispensável acreditar no seu dinamismo pessoal, estar ciente do dever retamente cumprido- alguém atuante e empreendedor.
                        Não esqueça que você tem todo o tempo de que precisa para aprender a amar, sem pressa, pois a mesma é inimiga da perfeição.
                        Movido por tais alavancas poderosas você já pode prosseguir na fantástica viagem do encontro consigo mesmo. O amor cura. O amor tem como prêmio o próprio amor. Ame-se! Ninguém melhor que você para atualizar este comando psíquico de capital importância no seu processo de  auto-descobrimento.
                        Quem ama não adoece, pois o amor restaura e engrandece.
                        Faça aquilo que é preciso fazer. Existe uma receita tão prática e econômica quanto esta? A ação operante é o que mais nos impulsiona a sairmos do mundo das idéias para otimizá-las ao longo da nossa vivência intra e interpessoal. E quando as efetivamos, que sensação de utilidade!
                       É muito bom perceber que a nossa vida é importante e é nesse grande conjunto de possíveis que fazemos a diferença.
                       E daí? Faz sentido, pois do contrário estaremos a um passo do buraco negro da ociosidade e da depressão.
                        Ah! Como é gratificante acionar os neurônios cerebrais e  mais estimulante, ainda, é a soma de amor alinhada à razão, transmutando aquelas velhas concepções de medo e insegurança.
                        Afinal, crescer e investir nos conteúdos anímicos significativos é escolher a melhor logomarca para “vender o nosso peixe”.
                        Sucesso nos seus empreendimentos. E mais uma vez, vá com calma!
A natureza não dá saltos.
                        O Brasil ainda nos pertence por direito e por destinação gloriosa!

                                                Olvanir Marques de Oliveira            





Creditos;

Postado por : SenhorDa Voz
Dara 11/10/2010
Musica:Pra não dizer que não falei das flores (Caminhando e cantando)
Cantor: Geraldo Vandré
Compositor: Geraldo Vandré

Um comentário:

  1. Amiga, estou encantada com seu texto. Uma das mais belas páginas que já li. Quanta lucidez e sensibilidade! Perfeito! Compartilho integralmente com sua reflexão sobre o que vivenciamos antes e agora no nosso país.
    Como sempre, você continua revelando a educadora por excelência que sempre foi. Com inteligência, maturidade e afeto continua exercendo o seu mister, acolhendo não mais alguns educandos como antes, mas a toda uma camada expressiva da nossa sociedade, que são os jovens. Quando se lê esse texto, sente-se de forma contundente a sua atenção, zelo, o seu materno-amor, a sua alegria. Ao mesmo tempo, é um brado de esperança, de estímulo, uma lição de civilidade e patriotismo, hoje tão ausentes do dia a dia das escolas. Guardei o seu texto num arquivo especial para sempre poder voltar a ele. Valeu demais, amiga! Muito Obrigada, mesmo! Parabéns! Deus lhe abençoe e a todos os seus entes queridos! Saúde e paz! Um beijo carinhoso. Nelma

    ResponderExcluir