Cuidados do homem inquieto: O dia de amanhã
Antes de iniciar a sua vida pública, Jesus fez
quarenta dias de silêncio e meditação no deserto. O Sermão da Montanha foi a
primeira mensagem dirigida ao povo, nas colinas de Kurum Hattin, ao sudoeste do
lago de Genesaré.
Como documento máximo da cristandade, foi
notavelmente referenciado por Mahatma Gandi: “ Se se perdessem todos os livros sacros da humanidade e só
salvasse o Sermão da Montanha, nada estaria perdido.”
Tendo por base a harmonia espiritual, convida o
homem a conectar-se com o amor de Deus e o amor ao próximo.
Este tratado de psicologia transpessoal, requer um trabalho
de reengenharia comportamental, partindo do pressuposto que ao abdicarmos dos
equívocos passados podemos criar espaços mentais à nossa renovação pessoal.
Torna-se pois, necessário
suportar com entendimento e abnegação todo o sofrimento que daí
dimane.
Atuando através de comandos psíquicos, o Mestre
nos adverte: “Não andeis cuidadosos de vossa vida, pelo que haveis de comer,
nem do vosso corpo, pelo que
haveis de vestir. Não é mais a alma que a comida, e o corpo mais que o vestido?
Considerai como crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem fiam;
entretanto, nem Salomão em toda sua glória se cobriu como um d’eles.” 9 Mt.
6:25-32).
Constatamos que a inquietação com o futuro e
toda espécie de preocupação, paralisa os nossos sentidos superiores, gerando um
certo constrangimento doentio, quando sofremos por antecipação. Sequer temos ciência
da veracidade dos fatos e decerto os nossos pressentimentos nunca chegarão a
acontecer.
Eis a grande luta da transcendência na sobrevivência:
“Não vos inquieteis pelo dia de amanhã. Porque o dia de amanhã a si mesmo trará seu cuidado. Basta a cada dia a
sua própria aflição”. ( Mt .6:
34).
Ao tentarmos examinar a preocupação como uma das muitas emoções inúteis, sugerimos o repensar de algumas crenças equivocadas
como o medo e a dúvida.
Consideremos a assertiva de um dos grandes
terapeutas norte americano, a seguir:
“Se você acredita que se sentindo culpado ou se preocupando muito vai
conseguir mudar um acontecimento passado ou futuro, então está vivendo em um
outro planeta, com um sistema diferente de realidade.” (Dr. Wayne Dhyer)
É comum, na nossa cultura ocidental sermos mais
apegados ao que não temos do que aquilo que possuímos concretamente. A ilusão
do ser, gera um comprometimento da razão e uma falsa ciência do saber. Por sua
vez, a mania de perfeição, cria em torno de nós uma aura de subestimação e
autocrítica destrutiva. Assim, repetimos não só as lições do ontem, bem como
alimentamos a dúvida do que pode vir a ser, desperdiçando energia psíquica.
Se por um lado, o sentimento de culpa nos mantém
ligados ao passado, por sua vez, o estado de preocupação nos ancora no futuro.
Desta forma nos impossibilitando de viver o momento presente. Com a mente
cristalizada no passado ou voltada para o futuro nos tornamos vulneráveis e
propensos cada vez mais, ao medo do fracasso."Não é a experiência de hoje que
enlouquece os homens. É o remorso por alguma coisa que aconteceu ontem, e o
temor do que o amanhã pode revelar”. (2)
Outro aspecto muito importante a ser considerado
será o discernimento entre o eterno e o passageiro, o que conduzirá, por certo,
nossa mente a um estado de confiança que nos propicia mais calma, objetividade,
assertividade e consequentemente, auto realização. Assim é que nos reabilitamos perante a Lei, fortalecidos
pela autoestima, ressignificando nossa realidade. Tornar-se presente, é o
comando essencial da vida no momento em que nos apropriamos das ferramentas
pessoais e recursos interiores para a administrar com clareza, o nosso
momento existencial. Logo, a partir deste discernimento espiritual, surge
naturalmente a renúncia e o desapego.
A alegria e o sentimento implícito no auto amor
torna-se fonte purificadora da mente que busca redescobrir-se numa nova edição.
Podemos considerar, esta, como sendo uma versão amadurecida do que é ser feliz.
As religiões tradicionais do Oriente afirmam ser a alegria o primeiro sinal de
que estamos sendo religioso. Nesse sentido, a “religião”, é o caminho da
criatura para o seu criador. Não cogito de dogmas ou sistemas pessoais, mas da
relevância e das prioridades dos bens espirituais sobre os bens materiais.
Desapegar-se é a palavra de ordem, senão
vejamos: “ Buscai primeiro o Reino de Deus e o mais virá por acréscimo”.
(Jesus)
Enfim, para melhor erradicar da nossa mente, a
preocupação, ou seja, ocupar-se antes da hora ou do tempo, é sempre útil
fazermos uma lista das coisas ou fatos que mais nos paralisam.
A seguir, perguntemo-nos:
- O que estes pensamentos querem fazer conosco?
Ouçamos cada uma das respostas em particular e
se forem boas, saudáveis, acolhamos. Ao contrário, se apresentarem-se
perniciosas ou prejudiciais ao nosso equilíbrio físio -psíquico, rejeitemo-las.
Simples, assim.
Vai aqui um amoroso lembrete, nem pensar que
tudo ocorrerá num passe de mágica. Torna- se necessário, escolha,
disponibilidade e força de vontade, insistindo pois:
O que tem que ser, será.
Se nos permitirmos.
Referências:
1.. DAYER, Whyne. In “ Seus Pontos Fracos”.
Ed. Record
2. BURDETTE, Jones Robert. In Golden Dai (‘)
3. GASPARETO, Antonio. In Liberdade e Poder. Ed.
Vida e Consciência.
4. O NOVO TESTAMENTO. Jesus. O Sermão da
Montanha. Mt., 6:25-3
Mt. 6:34.